quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O rebanho vai seguindo a voz da televisão,muitas outras orientações seguimos,vamos pelo rastro e opiniões de nossos amigos e até anônimos ,mesmo não sabendo exatamente onde este caminho levará.O fato é que ninguém quer ficar para trás,não se cogita ficar fora de um grupo social e sofrer coerções por não estar inserido em um padrão.Uma parcela considerável opta por se formatar através dos veículos de massa.Para cada um que está andando em círculos neste labirinto surge uma sensação de estabilidade,normalidade – Estou seguro,faço parte de uma estrutura,possuo identidade e sou reconhecida em um grupo.

O que há por trás do véu,quais problemas estão sendo varridos pra debaixo do tapete?

No século XIX com o avanço das ideias democráticas,o monopólio da cultura foi abalado graças a abertura da educação para as camadas da sociedade.Os privilégios da elite ao acesso das informações agora era dividido com o povo.Algumas cabeças perceberam que o povo era em potencial um excelente mercado para a recém indústria .Começaram a consumir cultura no entanto,povo e burgueses não partilhavam do consumo da mesma cultura. Foi criada a partir da cultura local,uma cultura de massa e para criá-la foi preciso destruir a cultura local e incorporar algumas partes dos destroços ao novo sistema.Nessa transformação para cultura de massa,a cultura tradicional passa pelo crivo ideológico, fazem uma seleção que ao povo não é nada compensadora: utilizam a casca e jogam o conteúdo em uma vala escura. Assim há uma formação de uma sociedade que não entende sua cultura e não consegue se reconhecer nela.A cultura é a estrutura que dá a possibilidade da dialética código/existência através da troca de informações entre os dois níveis a analise do real e da criação,quando não há entendimento da realidade surge seres próprios para o consumo e incapazes de mudar ou decidir o rumo das ações,não são agentes ativos e sim passivos.

Estar condicionado a seguir ídolos e imagens sem saber a origem dos seus discursos e não ser capaz de compreender seus conteúdos é amputar uma parte da identidade individual,um passo para ser transformado em um boneco de manipulação que segue as cartas de acordo com os interesses das grandes empresas e governos que com a ajuda das publicidades bancadas por eles mesmos moldam o caráter coletivo de vários grupos sociais.Não saber o porque das decisões tomadas é perder a chance de fazer parte da historia real e tornar-se apenas um peão no jogo de xadrez.Deixar a vida de um reino todo nas mãos de um único que mexe as peças ...em quanto isso,as peças só rezam para continuarem vivas... e que vida é essa?!

(Ariadne Chaves)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cidade corrompida

Foi em agosto de1852, por iniciativa de Antônio Saraiva, então presidente da província do Piauí, que se decidiu transferir de Oeiras para Teresina - o nome é uma homenagem a imperatriz do Brasil Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II - a sede da capital piauiense. Atualmente, os ilustres envolvidos na criação da nova capital são título de diversas obras públicas. Entretanto, para muitos, Saraiva, não passa de uma praça antiga localizada no centro da cidade. Ponto noturno de mendigos, usuários de drogas e prostitutas. O descaso para com a memória é algo corriqueiro em Teresina. Bastam quinze minutos de caminhada pelo centro da cidade para que se perceba tal fato.
A maioria dos prédios históricos de Teresina está em decadência, prestes a cair sobre a cabeça de qualquer transeunte desatento. E boa parte das antigas construções que conseguiram manter-se sem grandes danos perante as tiranias do homem e do tempo ainda é obrigada a suportar, em sua fachada, latadas de metal e plástico que propagandeiam lojas e outros estabelecimentos comerciais. Uma arquitetura completamente desfigurada. Isso quando escapam à demolição. Não é raro ver, nos bairros centrais da capital, casarões e sobrados dando lugar a estacionamentos rotativos ou depósitos de bebidas. Defender essas construções não se trata de saudosismo: “a memória é uma das formas com as quais o homem trava conhecimento com as coisas do mundo”. Além disso, esses casarões históricos carregam consigo vários mistérios e signos a serem decifrados.
A Teresina com ares de aldeia, descrita por H. Dobal em suas crônicas, agora é uma lembrança antiga na recordação dos habitantes mais velhos da cidade. O crescimento populacional na Chapada do Corisco foi imenso, mas, paradoxalmente, o contato entre os indivíduos se tornou cada vez mais exíguo e superficial: “ossos do progresso”, as árvores também sabem perfeitamente desses dissabores que a modernização dos tempos traz. Teresina parece não querer honrar com a antonomásia de “cidade verde”. Todos os dias, especialmente no perímetro urbano da capital, árvores caem impotentes perante a fúria de machados e motosserras. Em seus lugares, condomínios de luxo, supermercados ou, simplesmente, uma calçada de concreto. “A raiz faz rachar todo o cimento”, alega a dona de casa exigente.

Completando agora 158 anos de idade, Teresina ainda guarda muito do seu provincianismo. Mas essa cidade localizada entre rios no sertão do Piauí possui tímidas ambições à metrópole. E nesse contexto, o desafio é crescer sem que se perca a essência, a identidade.

Lucas Coelho - estudante de ciências sociais e morador de Teresina